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Topografias da Solidão

Topografias da Solidão
Topografias da Solidão

Autor: Castro, Guilherme Azambuja

Editora: Zouk

Idioma: por
Ano: 2022
Idioma: por

R$ 53,00
  • Disponível: Em estoque
  • Editora: Zouk
  • ISBN: 9786557780879

Frete Grátis Brasil

Prazo de entrega:

Sul e Sudeste de 5 a 7 dias

Centro-Oeste, Norte e Nordeste de 10 a 15 dias

Santa Vitória do Palmar, na fronteira com Uruguai, é cenário e personagem dos contos de Guilherme Azambuja Castro. A “topografia” da região, cuja “aura” o autor delineia e descreve, é o entre-lugar entre o sentido e o vivido, matéria que a memória do escritor fecunda pela vertente da literatura. Ali está a cidade, no espaço intermediário entre as terras de Portugal e Espanha. São os “Campos Neutrais”, sua natureza cármica e seus desdobramentos transpostos para o plano da ficção. Binho, personagem dos primeiros contos deste livro, é uma espécie de “alter ego” do escritor que, como ele, nasce e cresce na cidade, junto à campanha. Não se trata mais da campanha idílica do século XIX, cantada pelos regionalistas e louvada por seus mitos; tampouco é o espaço heroico em que as guerras fronteiriças assegurávamos vencedores a construção e o domínio do “nacional”, reforçando seu pertencimento. É a vida provinciana e difícil da cidade que os contos contemplam, o desdobramento de questões sociais que afetam os habitantes na transição dolorosa entre um período de vida construtivo e a dissolução de projetos e sonhos. O tempo é aquele em que as estâncias cedem lugar ao agronegócio, então incerto e muitas vezes desastroso. Binho cresce junto à família num tempo de calmaria, presságio da tormenta. Suas relações afetivas são marcadas pela aceitação que beira o desamparo, no horizonte escasso de uma vida sem sonhos. Por detrás de sua narrativa pesa o empobrecimento dos antigos proprietários de terras que, dividindo-se entre o campo e a cidade, são devorados pela crueldade capitalista. Endividamento, falência dos negócios, perda inevitável dos bens familiares alimentam o medo e a desesperança pelas graves transformações sociais que acarretam. O personagem narra e testemunha esses acontecimentos. E é bom lembrar que os escritores devem dar voz a quem não tem. Contista hábil e experiente, Guilherme ficcionaliza histórias de vidas privadas. Os contos finais do livro acentuam a visão do protagonista, seu crescimento, os desafios, as experiências de viagens e os retornos. A família está sempre presente nessa zona híbrida entre o Brasil e o Uruguai, metáfora sensível que se desdobra em ambíguos sentimentos. Binho vive um espaço intermediário, “campo neutral”, parte de um mundo que se corrói a cada dia. Dividido entre a busca pelo amor do pai, a infância de menino sensível e a presença singular da avó, quase mito de origem, o narrador desvela aos poucos o quadro sombrio de um modo de vida já falimentar. Ao fazê-lo, com a beleza de sua escrita e a sensibilidade de sua percepção, o escritor reata as “pontas” da vida e recebe a empatia e a solidariedade dos leitores. Basta ler para constatar.

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