José Sidrim: os sinos do ecletismo em Belém do Pará

Os arquitetos são capítulos da biografia da cidade. A cidade, o berço da formação dos arquitetos. Em Belém do Pará, início do século XX, ares do progresso e a fase de maior riqueza da sua história, trazidos pela extração da borracha. A cidade ganhava dimensão cosmopolita atraindo profissionais e curiosos estrangeiros e brasileiros de outros estados. JOSÉ SIDRIM, os sinos do ecletismo em Belém do Pará é mais que uma biografia de um autor; é resultado do encontro da sensibilidade de um profissional com o seu tempo, experiência única capaz de deixar legado histórico. Se, de um lado, Sidrim, cearense de nascimento, é um capítulo de sua biografia, de outro, em Belém, é possível encontrar a confluência de dois tempos em um só: o tempo do desbravamento do primitivo e a visita do Iluminismo e do Romantismo que consagram o glamour de uma época no ocidente. Belém estaria destinada a ser reconhecida como a Paris na América e assim seria não fosse o debacle de uma economia, mas, assim é, pelo legado arquitetônico que deixaram grandes profissionais que lá estiveram. Arquitetos de formação clássica, ecléticos, como Sidrim, formado por escola italiana e de profunda cultura geral e artística, encontraram a oportunidade de plantar no portal da Amazônia uma cidade de ares europeus, coisa que ainda é possível contemplar. Seria bom imaginar, estando em Belém, a continuidade da busca de harmonia entre as demandas de um crescimento organizado e bem planejado, atividade que teve presença marcante do biografado, que deu a essa cidade o primeiro traçado urbano, associado ao bom gosto de arquitetos formados sob a inspiração de uma síntese entre o gótico, o românico e o clássico, além dos pulsantes movimento da época como o Art Nouveau e Art Decò. Aqui se fala de um capítulo da biografia da cidade e da biografia de um autor que nela se reinventou e pra ela deu o que de melhor recebeu. JOSÉ SIDRIM, os sinos do ecletismo em Belém do Pará apresenta uma Paris na América, não raro tida uma terra caída do continente de Alfama, e sempre o berço de uma história viva que o tempo não estanca e não apaga.