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Dom Quixote e Quincas Borba:

Dom Quixote e Quincas Borba:
Dom Quixote e Quincas Borba:

Autor: Santos, Rafael Mariano dos

Editora: Appris Editora

Idioma: por
Ano: 2023
Idioma: por

R$ 44,00

Frete Grátis Brasil

Prazo de entrega:

Sul e Sudeste de 5 a 7 dias

Centro-Oeste, Norte e Nordeste de 10 a 15 dias

Machado de Assis: um escritor de múltiplas linhagens. Algumas delas ele próprio consolidou pelo legado de sua literatura, que difere da derradeira negativa de seu defunto autor, Brás Cubas. Outras foram reavivadas por ele. Exímio leitor, Machado conhecia a tradição ocidental como poucos, fato que se comprova pela profusão de referências literárias em suas obras. No capítulo CXII de seu sexto romance, Quincas Borba (1891), Machado, sob a voz do narrador em terceira pessoa, explicita uma das linhagens que mais afluíram em sua produção literária: a tradição do romance autorreferencial e satírico, que remonta a Miguel de Cervantes, na Espanha, e passa por Henry Fielding e Tobias Smollett, na Grã-Bretanha. O próprio Bruxo do Cosme Velho reconheceu a importância do autor de Dom Quixote (1605, 1615) para a interpretação de seu romance. A pista foi seguida por alguns, como Carlos Fuentes, cujo seminal ensaio “Machado de La Mancha” alçou Machado à posição de autor ibero-americano que efetivamente incorporou a tradição cervantina. Faltava, no entanto, um trabalho de maior fôlego sobre os dois autores, com um corpus mais circunscrito. Este livro supre essa falta, apresentando com profundidade os diversos matizes que aproximam Cervantes e Machado e, mais especificamente, Dom Quixote e Quincas Borba, da loucura de seus protagonistas ao registro irônico, distanciado e metaliterário de seus narradores. Demonstrando notável domínio da fortuna crítica dos escritores, Rafael Mariano dos Santos propõe uma abordagem comparativa que parte das relações das obras com seus respectivos contextos históricos para mapear elementos estilísticos e discursivos que nelas se apresentam, como a paródia, a sátira menipeia e a reescritura de obras anteriores. Como resultado, temos um trabalho indispensável a pesquisadores da tradição cervantina no Brasil e da intertextualidade na ficção machadiana. As práticas literárias de Cervantes e Machado demonstram que tradição e talento individual não se opõem, como já propusera T. S. Eliot. Dois dos maiores nomes do cânone ocidental tiveram como matéria-prima a tradição que lhes precedeu. Não só leitores como também autores de obras alheias, ambos perscrutaram os abismos entre o espírito e o coração, a ficção e a realidade, a loucura e a lucidez.

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